Instante malgáxe no Minho
A cauda cobreou de volta do tronco. Subira pressuroso, muito ágil. E agora punha toda a sua curiosidade no olhar, sem troças ou medos, absolutamente quedo, atentíssimo.
Os cinzentos são os mais raros e os mais bonitos. Talvez os mais tímidos até, apontando sempre às lianas das florestas de Madagáscar, completamente à vista na húmida invernia dos pátios minhotos. À luz dos fogachos amarelos que se denunciam nas órbitas do bichinho.
O instante decorreu em silêncio do princípio ao fim. No solo, as perdigueiras nem tinham dado por ele, e pelo seu inaudível trepar a árvore. E que tivessem... Abrem-lhes o apetite somente as penosas ou a irresistível corrida dos coelhos.
É cinzento este lemur à moda do Minho. E não é sozinho. Há de deixar prole, toda cinza, a mais rara e mais bonita, caudas melífluas, olhos diamantinos. Trazido criança, a vir comer à mão. É só uma questão de ir passando por lá, por esta Madagáscar aqui ao lado...