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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Panteras de jardim

João-Afonso Machado, 18.03.23

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A gente em caminho por aí fora. E a aparição d'el gato. Paramos. O bichano olha desconfiado o tempo bastante de uma fotografia. Permanece muita coisa, permanece sobretudo o seu olhar....

Confesso que gosto de gatos. Imenso. Tanto quanto a sua personalidade me fascina.

(O meu último, um quase puro siamês, descobri-o na rua, num passeio nocturno com a minha saudosa Senhora, cabia o gatito na palma da mão. E chorava sem parar. - Ficamos com ele? - Sim, ficamos! - E ficámos, muito além dos dias que lhe eram, a Ela, reservados. Mas também um tumor tomou conta do bichano... - Ó Sra. Dra. - pedi - faça o que for preciso. E depois diga quanto é, mas sem pormenores...)

Gosto de gatos. Sempre os tive, filhos das ervas, meus adoptivos. Nunca lhes pus nomes. - Anda cá gato! - era o bastante. A Mãe (que os detestava) admirou-se quando o meu último surgia de repente, vindo não se sabe de onde, chegando eu a casa já noite feita. De cauda levantada, saltando para o colo e assistindo compenetrado ao Fox Crime que nos entretinha o serão. Então a Mãe lá se rendeu e confessou - Este gato é uma simpatia!

E jogava bem com o cachorro e o canário. Harmonia total! Já foram eles... (A minha Senhora surge-me de supetão no espírito e eu cá me acanho...) O gato... aliás, o Gatio, assim o chamava aparentando uma voz zangada.

Outros tempos... Hoje a sós, não tenho gato em casa, somente a minha última perdigueira. Tenho é os gatos que andam por aí nesse estranho modo de fugir e não fugir. De se darem ao retrato e se escapulirem, um passo avançado em sua direcção. Os meus gatos são a rua ou a quinta por inteiro. Uma imagem linda de um animal em quem ninguém manda, mas todos são comandados pela sua pelagem. Os meus gatos são as suas fotografias da minha autoria.

Talvez a selva de que eles são as panteras entre as flores dos jardins um dia volte a mim. Serão anos passando, por hipótese anos meus também. O ronronar dos gatos implica com a idade. Principalmente quando há (houve) tempo de acordar às seis da manhã, a sua pata no meu nariz, o bichano imperioso, eram horas de o conduzir ao prato já cheio de véspera. Mas o pequeno-almoço tinha de ser em companhia...