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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Agosto

João-Afonso Machado, 01.08.23

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Talvez Agosto seja - "a gosto". Porque haverá muitos Agostos, ao gosto de cada qual. Há seguramente dois Agostos e muitas tristezas envolventes. Os Agostos são territoriais e impositivos,  tantas vezes a contragosto. O mais grandiloquente, um caudilho, manda a gente para a praia. É o Agosto, tantas vezes um desgosto, das multidões barulhentas, um mandrião a correr pela estrada fora. Mas subsiste o outro, tanino, quase medroso de sair de casa. Agosto, feitas as contas, é um momento pessoal e intransmissível.

Diga-se: velhos resistentes permanecem resistindo. Probamente contra as modas, na perseverança dos seus dias além da mioleira geral - um oiro que não há balança capaz de o pesar.

Dando de barato o Agosto migratório e as areias que o acolhem, mais os engarrafamentos no mar dos banhos, - vamos aos ninhos no outro Agosto que fica por aí,  em casa, muito caseiro, de barriga cheia (grávido) de silêncio.

Um Agosto de aqui e além. Dormido, nutrido, pasmaceiro e provinciano. Esperando a limpeza das dunas, preçários conformes, o falar nativo e o arejo depois das fronteiras...

Tudo é o que se escreve em Famalicão, madrugada esperançosa de um amanhã sem buzinas nem roncares. Agosto são duas quinzenas e o mundo uma rotação infinita, um mapa colorido. O calar um bom conselheiro, e uma ou outra incursão a excepção que confirma a regra. Tal é o Agosto descrito em caneta anciã.