O tal "fim anunciado"
Foi palavrório de quase duas dezenas de anos. E se lhe chamássemos literatura à mão de semear?
Nesse tempo que ora adormece havia de tudo, numa explosão de vontade de tudo dizer. Havia a política (havia até patrocinadores para a guerra escrita política e partidária!...); havia o futebol, pois claro, e toda a sorte das mais imaginativas filosofias; havia diários, desabafos, apelos às vezes não encarecidos, havia imagens apenas. Sem que faltasse a literatura - a crónica, a poesia outrossim, o ensaio fotográfico...
Tempos empolgados que o confinamento do covid mais espevitaram. Viver foi ir ao blog, esgrimir palavras, aguardar a resposta, contratacar, manter a guarda, ... serenar.
Depois sobreveio... a idade!... Entenda-se o tempo e os seus fulminantes avanços. Os blogs nublaram, vão sumindo no negro da falta de sol. Oiço por aí, não decoro, ignoro, a superveniência de outros meios comunicacionais. Como se os livros não tivessem sido milénios e aos blogs não coubesse o tempo de um bom punhado de décadas!
Quem edita, bastam-lhe de recreio os blogs. O mais é perder vida a aprender, para desaprender logo que a voragem tecnológica algo traga de novo. O farol foi eregido para não ser inútil amanhã. Assim, contudo, os blogs chegarão à sepultura talvez. E com eles, a fidelidade dos últimos cavaleiros de um colóquio simples, agora embrulhado em conspirações de dizeres instântaneos e imagéticos, muito mais palavras ocas do que biquinis ou paraísos de "estrelas", em toda a crueza da verdade.