O início da tarde abafava Baião quando chegámos, felizmente com mesa reservada e entre as espessas paredes graníticas da Residencial Borges. Na rua, um ou outro automóvel de passagem, nada que lhe tirasse o sono, e o restaurante muito bem posto, sala ampla e quase cheia de comensais e da insubstituível virtude do silêncio.
A Residencial Borges já completou 90 anos. Sobreviveu aos seus fundadores e, desde 1985, nela reina prestável e atenciosamente o Sr. António Pinto.
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O nosso destino era Santa Cruz do Douro, a Tormes de Jacinto Galeão, posto o que a ementa havia de ser condizente. Lá iremos...
Uma primeira palavra, porém, para o formidável desfile das entradas: bocadinhos de porco assado, bolinhos de bacalhau, pedacinhos de alheira, cogumelos, peixinhos da horta, ovos mexidos com salpicão... E o branco de Tormes (rótulo da Fundação Eça de Queiroz) chegando já à mesa, garrafas dele.
Seguiu-se a praxe da canja de galinha, como outra igual jamais comi.
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E finalmente o arroz de favas e o frango alourado. O amigo Zé Fernandes descreve o procedimento de Jacinto, em face do pitéu - «de novo aqueles seus olhos, que o pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado:
- Óptimo!... Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!»
Foi assim mesmo. E o frango alourado também levou pela medida grande, tudo rematando com um dulcíssimo leite-creme.
Contas feitas - aliás, espantosamente comedidas - ficou a certeza de um regresso em breve. E para a Quinta de Vila Nova (Tormes) seguimos viagem entre A Cidade e as Serras...