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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

A sardinha assada primeiro; depois o fim do mundo

João-Afonso Machado, 01.06.24

RESTURAURANTE PORTUGUESA - SARDINHA ASSADA.jpg

Era ainda Maio, com mais de meio caminho andado, quando acordei cismado em sardinhas assadas. Numa friagem de inverno, mas já com o Senhor de Matosinhos a desmontar as tendas.  - Helàs! - levantei-me - O tempo é agora!

E fui por elas. Não precisei andar muito, bastou atravessar a rua, os meus amigos do restaurante Portuguesa haviam de estar providos e garantidos de qualidade, como realmente estavam. Vieram umas cinco para o prato, rijinhas, escoltadas em batata cozida e o fatal pimento mais o tinto maduro da praxe. Esta a descrição factual. Ponto.

Segue-se o travessão - o manifesto retomar do ciclo dos verões, mais um a chegar, não sabemos se nevoso. É que hoje já nada bate bem, e amanhã ainda menos. Assim a sardinha não alterne o seu ciclo de vida e não se transforme em pitéu de Ano Novo...

Soube-me em grande o sabor dos seus bocados de sardinha jovem, como os de uma escrita que vacila na surpresa do quotidiano. Como se comentariássemos geopolítica, ou a aproximação da Rússia à China. Tenebrosas coisas... A guerra à nossa porta...

Sem pretensões a uma orquestra de swing, deixemo-nos ir neste baile de agora, saboreemos e celebremos a sardinha assada nesta pátria de poucas espinhas cosmocêntricas.

Porque qualquer dia adeus Portugal. Lá para o sul (e mesmo entre os tripeiros), quantas lojas de souvenirs com os seus stocks feitos monos,  se encherão de teias de sardinhas em azulejo ou magnete para deitar fora!?