Os deuses estiveram com eles
Foi uma das melhores, se é possível haver menos boas. Eles surgiam e desapareciam fulgurantemente. Numa exigência tremenda aos reflexos dos participantes, veteranos que já lhes conheciam as manhas todas. Mesmo as senhoras revelavam a destreza fabulosa das amazonas.
O braço puxado bem atrás, a zagaia lançada num silvo de cometa catastrófico - Zzziii - Tchou! - três bicos cravados na omoplata da fera ainda juvenil. - Força, aí está outro! - e um novo dardo pronto, espetado num peito, em cheio, levando consigo a morte, já a faca do monte retalhava o anterior, canibalescamente devorado. - Passa aí o espumante, fazes o favor?!
(Esclareça-se, os caçadores oriundos das tribos mais a norte optam por saudar os deuses com maduro branco. E, diz a Mitologia, essa a preferência de Baco também.)
A jornada arrastou-se. Como todas as que saudam o tempo primaveril, depois dos rigores das neves, já no degelo dos glaciares. Animaram-na libações múltiplas, muita doçaria, muito mel e frutos silvestres e a novidade dos cachorros que nas próximas luas serão os companheiros desta malta colectora. A coisa promete, assim a divindade mantenha o nível do que foi este conseguido cerco. E, já se fala, as senhoras acompanharão os guerreiros, lutarão de igual para igual, sem distinções de género, conforme ordenam as vestais constitucionalistas que povoam a nossa selva.
Mas o velho clã só terá a ganhar, depois de 40 anos de caça. Eles já acusando cansaço, pouca agilidade, alguma apetência por esperarem sentados; elas, porém, jovens, frescas, um portento de energia e a pontaria afinadíssima. Sempre nesta vida errante, agora nas planícies bairradinas.