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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Torres Novas

João-Afonso Machado, 18.08.24

O foral é de D. Sancho I e com ele foi o fim de muitas gerações de cristãos e sarracenos a roubarem-se mutuamente a terra. A partir de então os portugueses poderiam gozar tranquilamente a sua riqueza agrícola sempre muito irrigada pelas águas do rio Almonda.

De modo que o castelo, o velho palco dos cercos e das conquistas, é o sopé e o cume da história, o berço de Torres Novas,

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ainda agora com as suas peças todas e a sua pose nunca esquecida de guardião

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No interior,  um lauto jardim arborizado onde vicejam as gralhas talvez oriundas de qualquer maçadora cidade europeia, que transbordando delas são aos milhares... Por Torres Novas se fixaram...

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Depois a vila desce as escadarias do castelo, passa à Misericórdia

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e embrenha-se por ruas estreitas de comérciozinho muito simpático.

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Sempre sem parar, não tarda chega ao Almonda. «Pista internacional de pesca desportiva», lê-se numa placa...

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E do alto da ponte a gente é cercada por cardumes de barbos ou de escalos opulentos, por bandos de anatídeos, todos - escamas e penas - na mais sã fraternidade. Há laivos de bucolismo junto à Travessa do Açude Real

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e, a montante, uma obra espantosa de represamento de águas (talvez o Açude Real) - uma escadaria monumental, faraónica,

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em cujos degraus cimeiros os patos se banham e debicam os limos e as suas escorrências.

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Enquanto tal, os barbos regalam-se de oxigenação, parecendo veranear na praia de dorso ao sol.

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Ouve-se uma ode à abundância, os versículos vivos do milagre da multiplicação do peixe. E Torres Novas gozando pacificamente o seu fim de tarde no parque, na esplanada, depois de ter homenageado os seus venerandos moinhos e lagares

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e o que resta das muitas noras e alcatruzes que durante séculos içaram a beberagem dos plantios.

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Subindo ao Largo do Salvador, melhor nos associamos à quietude estremenha dos torrejanos...

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Quietude estremenha!... De uma Estremadura que é morta e devorada pelo Ribatejo, pelo distrital poderio de Santarém. Portugal na posse do administrativismo sibilino que nos leva as regiões naturais, impõe a indústria em sítios de culto nacional e constrói, constrói, não cessa de construir, assim diluindo as marcas mais cativantes de Torres Novas.

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Guardemo-las connosco, enquanto há rasto delas...