O Stop, restaurante na Marinha das Ondas
Foi o acaso de combinar um almoço com o irmão de um grande amigo, recentemente levado pela doença maldita. Tinha sido a razão pela qual calcorreei o Litoral Centro, numa peregrinação de saudade. Eramos muito novos, frequentávamos a Praia da Leirosa, tragávamos a noite numa - assim lhe chamávamos - "boite" de só amigos, boa música, muito tabaco, algum namoro e jogo de cartas. Altas horas, findas as actividades, eu recolhia a casa; o meu querido amigo montava a bicicleta e ainda fazia uns quilómetros até à Marinha das Ondas, sede da freguesia, onde residia em férias.
Pois foi nessa terra à far-west, uma estrada marginada por casario e pouco mais, que o JP, amigo, irmão de amicíssimo, me encarreirou para o restaurante Stop. Ele convidava, conhecia o Sr. Carlos Neves, o proprietário... Já não era cedo, a fome esbraseava. As entradas foram quase uma súplica, um copo de cerveja, paté, queijo e pão. Depois, mais pousadamente, a escolha - dada a circunstância das boas relações do JP com o proprietário, à confiança, seguindo a sugestão deste último.
Açorda de robalo e camarão - disparou o Sr. Neves. Com tal pontaria que não houve alvitre. Que viesse ela, a açorda, se possível a galope. E assim foi.
Nada mais agradável. O problema das espinhas, que aflige qualquer comedor de peixe, mostrava-se inexistente. O das malditas casquinhas do camarão também. Comemos, comemos e voltei a comer, eu só, o JP já não dava conta de mais recados. Bebeu cerveja, o malandro, ignorando os meus doutos conselhos de um branco fresquinho, marca Melão, não sei onde cultivado.
E ambos seguimos o conselho do Sr. Neves: sobre a açorda uma nadinha de piripiri. A coisa ganhou sabor e fez mais sede. Foi dar-lhe e dar-lhe mais. Por um instante: - Ó Sô Neves, vá lá pescar mais um robalo, que a gente espera... Mas ambos acabámos no acordo de que já chegava.
Não sei quando voltarei à Figueira, menos ainda à Marinha das Ondas. Mas quando isso acontecer, o Stop é paradeiro certo. Sô Neves, não esqueça por favor, aqui o velho Machado!