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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

E fiquei... "Pela noite dentro"

João-Afonso Machado, 28.05.25

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O nosso Amigo José da Xã (do blog Lados ab) em grande momento literário! De resto, lançado a primor pela arte da Olga Cardoso Pinto (blog A Cor da Escrita) desenhando a capa onde a luz amarelece num candeeiro só do leitor e tudo tem o seu início, e prossegue - Pela noite dentro, a nova colectânea de contos do José da Xã.

O qual José da Xã gosta de escrever e gosta de publicar, gosta que gostemos do que sai do seu labor.

Pois desta feita, meu caro José, foi em cheio. Desde logo pela felicidade na construção dos cenários, vale dizer, pelo conhecimento dos lugares e pela riqueza lexical; pela memória de um passado nem por isso recente... Depois, pelo demonstrado bem lidar com o ethos rural e pela noção dos muitos cambiantes do Destino; quase afirmaria, cada conto cada surpresa no seu desfecho.

Uma palavra final para o mais extenso deles, Os Felícios, sátira felicíssima de uma família perdida na grande e venenosa mole urbana - quando seria, sem dúvida, muito mais feliz a cavar batatas na aridez do nosso Interior sem rede telefónica. É preciso saber ir à cidade, meu Amigo, levar o espírito bem aprovisionado de observação e de munição contra os desaforos...

Parabéns, José da Xã. E é para continuar, caríssimo, só pode ser para continuar...

 

Extractos de um diário de bordo (V)

João-Afonso Machado, 23.05.25

Esta a derradeira escala, a pequena Malta, estado independente desde 1964, conquanto ainda integrada na Commonwealth. Precisando mais, é um arquipélago no qual três ilhas são habitadas; e uma história que remonta... ao Neolítico!

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Mas, no termo de muita balbúrdia de povos e turbulência de armas, já na Idade Moderna Espanha cedeu-a à Ordem Hospitalar de S. João de Jerusalém, a agremiação monástica e militar católica que os Otomanos haviam expulso de Rodes. Os malteses vingaram-se com heróica vitória (porque minoritários em tropas) sobre os turcos em 1565. Depois chegaria Napoleão, sobrevieria o poderio britânico... 

... E este ano da Graça de 2025. Ainda a tempo de coxear em extase entre as fortificações da capital Valletta e uma imensidade anónima de monumentos. Entre os quais não se massificavam o Farol, na entrada do porto,

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e o Forte de São Telmo, hirto e rijo como se as lides guerreiras perdurassem ainda.

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Nos meandros, os paquetes eram às dúzias...

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O pedregoso casario  não deixava vislumbre das artérias rodoviárias ou pedonais

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com os campanários das vetustas e buriladas igrejas a espreitarem sempre mais alto...

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Não podia ser diferente. Na sua naniquice, Malta é essencialmente turística, disso se alimenta. Rocha, estabelecimentos comerciais,

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proezas antigas, taxis e seightseings, uma arquitectura sobrevivente, são o seu pão.

E muito trânsito automóvel, que este é o Estado europeu de maior densidade populacional. A tudo acrescendo as ruínas

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e os tons primaveris em solos já tão próximos da costa africana.

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O seighseing seria a oportunidade de, em tão estreito intervalo de tempo, ir ao miolo da ilha. Pela misteriosa Mdina, à distância, qual reino encantado,

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e por Rabat, onde a mente emergiu do afogamento no tráfego em virtude de alguns ajanelamentos típicos.

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Até à capital, novamente, e ao navio.

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Com partida ao anoitecer e quase 48 horas seguintes de Mediterrâneo. Mais a barba que não foi aparada porque o indiano da barbearia queria 45 euros pelo serviço! O pé escouceou, a mente indignou-se. Ambos por fim irmandados - Vossemecê não vale por onze barbeiros famalicenses juntos ou cada um na sua vez. - Já nesta fase do cruzeiro, seriam somente mais um dia de avião e outro de comboio sem suportar actividades especulativas... E também Torga regressara a Portugal, muito embrenhado na sua medicina, algures na Província...

 

"De volta"

João-Afonso Machado, 19.05.25

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Traz a tua escrita aos salpicos do mar

deixa-a se não

nos orvalhos a nadar

 

em musgos amanhecendo

como é Abril

eles quase esquecendo

as águas poemas vazios

de amor senil

puro curso suores dos rios

 

em que azul branco remaste

ondas escritas e viajaste

 

nos salpicos do mar chão

de águas mil poemas vazios

musgos de Abril lá vão em orvalhos secaste…

 

E ordenam – volta besta ponto final

volta ao covil

etc etc e tal.

 

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