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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Alcochete

João-Afonso Machado, 27.07.24

Na aproximação e no pé em terra firme o costume - acresciam os prédios megalómanos, as rotundas e os armazéns, o quartel dos bombeiros voluntários e enfiadas de avenidas com o cheiro de obras recentes. Sem um pingo de Tejo... Assim o autocarro desse as voltas da praxe e a corrida chegasse ao lugar amável de antigamente, à vernácula ribeirinha e toureira Alcochete.

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Depois quem tem boca vai a Roma... Ou ao Largo de S. João, à estátua do emérito Padre Cruz, ainda vivo e coroado de flores até aos joelhos. O maçarico chegava e já abraçava (espreitando de soslaio) os resquícios da vida antiga na beira-rio da outra margem.

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Genuflectiu perante a beleza simples da Matriz antes de tomar o cheiro da Reserva Natural. Não fosse o aeroporto cair-lhe em cima, esmagá-lo. Em ansiedades que faziam esquecer o calor às costas, o insondável percurso a dar às pernas.

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Deixou para trás a praça de toiros. (Ainda somos quem somos...) Calcorreou caminhos de terra batida e regalou-se com a visão dos abelharucos. Com a máquina fotográfica a metralhar sem parança. E o carreiro descambou, enfim, no rio, numa curva assombrada pela ruína onde tentou apanhar em flagrante o passarão que vislumbrara um nada antes.

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Era uma garça real pisando levezinha a maré baixa.

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Mas de nada valeram os mil cuidados para não a espantar. Nem, ao menos, a sombra da inocência e o silêncio das pedras mortas, ela voando já no reumatismo dos hidroaviões de antanho, pesada, vagarosa, mas determinada.

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Só poisou no areal longínquo, uma África qualquer, e o mais seria marginar o grande lago, a coberto das sombras todas... e regressar ao centro da vila com mais uma garça branca, entretanto pendurada ao cinto.

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Urgia hidratar. Agora no restaurante, a entrada foi um litro de água

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e o almoço um arrozinho de tamboril regado por três copos de branco maduro frescos como uma manhã minhota.

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Forças retomadas, veio o carrocel. De ruela em ruela, de largo em largo, ao esconde-esconde com a inclemência do sol.

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E o Tejo sempre lá. Todo pintado a cores diversas e miragens desorientadas chegadas do norte, porventura do nascente ou do poente. O barco diria...

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O Passeio foi uma bussola. Foi quase marroquino. Foi o Lethes da vida metropolitana. Infindo, espantoso, corado como uma corrida até à exaustão. E sem gente porque se estava na hora da sesta. Foi assim Alcochete.

 

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