O dia, de pernas a andar, não madrugou. Mas acordara, bem acordado, e logo as calças do estilo treparam as pernas e os pés se enfiaram em extraordinárias botas a estrear: De cordame de aço e um torniquete, qual corda de relógio, a apertá-lo. (Calçado de vanguarda, comprado na véspera, com o Sr. Filipe, o dono da espingardaria, a jurar a coisa não avariava, não seria necessário cortar o pé para descalçar a bota.)

E de seguida o mato. Com prévia passagem pela horta do feitor, não fossem os ansiados coelhos por ali, a endemonilhar-lhe o cultivo. Não tinha havido queixas e o lugar era deserto, efectivamente...

Portanto, já em pleno bosque. Subindo íngremes carreiros do domínio das acácias com a sem-peso Francotte nas mãos. Menina de veludo!... Dona Mécia (não houve coragem para deixar a velhinha em casa, a sós) prejudicando de contínuo a aprendizagem de Dulce. Em permanente roda-viva, Dulce estonteada, indo lá, voltando cá, sem jeito de entrar nos fetos, no cerrado do arvoredo.

A zona das carvalheiras foi batida. O "santuário" do Cedro Grande (chamam-lhe aqui a "árvore do 4") também. Descendo mais, o território adjacente à Bouça, outra casa da Família. E Dona Mécia, já bacoca, adiantando-se sempre e Dulce (sempre) lá e cá, esbaforida. Houve aromas. Porque os sonhos também cheiram e qualquer breve paragem das cadelas empolgava, acirrava. Somente... o mundo é fétido de desilusões, é cruel e mal-agradecido. É o que é, e não quer saber de aptidões, desejos, finalizações. Pois se já nem garante empregos! - como prometeria façanhas? Assim prontamente desaguou no pomar de kiwis, um venerando lugar de galinholas. A chuva (a do céu) já caía não obstando aos bardos todos corridos...

O Reino está no fim, fieis das lides venatórias! Já sem uma pontinha de cheiro, um ameaço de ave, um pardalito ou um melro, muito menos algo digno de um tiro. Indo a manhã no seu termo, restava apenas o banho a três na banheira promíscua. E a sempiterna esperança - chegando o frio, talvez "elas" cheguem também...