O bosque. Nós próprios
Tudo será muito rápido, o instante de um silencioso curto-circuito. As luzes apagar-se-ão, caídas abaixo de fios secos de lenha. Num deserto esquelético e de algumas sobras esturradas de verde solitário e moribundo.
São assim as finais semanas que antecedem a aridez. Húmidas e de chão atapetado de podridão, na expectativa de dias maiores e melhores. No desajeitado andar das salamandras, talvez no sonho do levante de uma galinhola. Curiosidades e anseios de velhotes, afinal a crença dos botões das flores regressando às ramagens. Até que, meses volvidos...
O ciclo não pára. Entre os carvalhos, já veteranos, a juventude de uma sequóia, a promissora perenidade da vida. E deste lado a varanda e uma tarde por conta da idade e da contemplação das memórias dela escorrendo.
O tema é o arvoredo. Mas bem podiam ser as estações humanas. Tudo é o mesmo, apenas os anos nos atrasam a percebê-lo. Por uma questão de porte e altura, tão-só, nunca pelas migalhas que são as nossas décadas antes do reencontro com a semente.