O melhor é ir na nuvem
João-Afonso Machado, 01.04.25
Depois do assassinato dos portos de pesca, às mãos das gruas e de outras mafiosidades mais, perguntei-me o que restaria. Não decerto o nevoeiro nem a vida alada - para que serve uma máquina, um qualquer naco de aço, a uma gaivota sempre gulosa do peixinho esventrado?
Assim tudo se esvai à picaretada. No porto ficaram as chaves inglesas e as memórias, um silêncio de vencidos. Mas a grande nuvem conglomera-se mais acima e toma um destino desconhecido no horizonte. Estou em crer, se a rota for a dos mares eu seguirei com ela. Até onde o planeta começar a curvar para baixo.