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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Pequei mas com atenuantes

João-Afonso Machado, 05.02.23

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Eu não queria ficasse zangada comigo esta boa, excelente, apetecível gente, -  tão severa e ciosa do seu partido dos faisões. Foi ontem a largada e não sei ainda se estive lá. Não sei dizer. É certo, viajei de carro com duas senhoras que são como duas irmãs e toda a comunidade jantou na véspera, e pernoitou, em Santarém. Todavia, ninguém me apanhará a informação de que os tiros foram na Azambuja. Qual Azambuja?! E todos pensarão foi em outro lugar qualquer, na Golegã, por exemplo; ou no Cartaxo... Então historiar pontarias afinadas, isso jamais. Até mesmo será arriscado aludir ao cozido à portuguesa do almoço, não vá sair-me à estrada a tribo ululante dos vegetarianos, noite fechada no regresso, eu e as minhas duas senhoras que são como duas irmãs, e se deliciaram também com o cozido, com o festival de entradas, uma panóplia inteira dos enchidos.

Portanto não jurarei aventurei-me além de Santarém. E se avancei uns passos mais foi agachado debaixo dos sobreiros, escondido de uns passarões enormes, de asas como aviões, que tropeçavam no céu e caiam com estrondo, aos rebolões.

Nada mais anotei com interesse, além da lindíssima casa onde alarvemente nos entregámos aos prazeres de Baco, o mestre autor do cozido à portuguesa. Enfim, pecámos o nortenho pecado original, esse em que todos nascemos segundo a catequese. Por falar nisso, e porque nos ensinaram a praticar o bem, não sei como, deparei no carro onde vinha de volta - eu as duas queridas senhoras que são como duas irmãs - com uma valente sacada de faisões. Há que partilhá-los! E o Sr. Martinho, aqui do restaurante em frente, em devida altura receberá a matéria-prima para o grandioso estufado. Estão todos convidados, minha boa gente! E se me perguntarem - É faisão? - já sabem a resposta - Sim, é, havia hoje no supermercado...

Porque quanto à Azambuja, moita carrasco!... São coisas antigas, amizades herdadas, avós que escreviam nos seus testamentos - Lego-te este amigo cujo pai já era amigo do meu. Trata-o como um irmão (lá está...) e se lhe faltarem os cartuchos reparte com ele os teus até ao último tiro! - E eu se não andar por aí nas minhas cerebrações, nas minhas explorações, a saltar da toca é para me encontrar com esses (abraços e reprimendas - Fugiste?! -) com quem há não sei quantas gerações faço fogo para o ar, como e bebo, especulo e sofismo, e todos damos vivas ao Rei! Um grupo tamanhão, ainda por cima.

Que essa herança, ou esse atavismo, me sirva de atenuante...