Jardel, cão feito
Ainda Setembro, talvez em 2002, voltámos a Monfortinho para abrirmos a época com umas codornizes. O grupo era numeroso, excitado e ávido, e muitos os cães novos a criarem calo para as perdizes de daí um mês. O Jardel era um deles.
Organizámos a linha e principiámos. Sem dúvida, de pasmar a abundância das codornizes e a confusão que se instalou. Tiros, a berraria dos donos a chamar os cachorros tresmalhados, quando não assustados. A formação rapidamente se desfez e o Jardel, irrequietíssimo, de um lado para o outro sem parança, mas também sem se afastar. Somente assarapantado no meio daquela feira toda.
Eis, no entanto, que entre um dos seus muitos galopezitos, ele estaca de repente, todo curioso. E lentamente estica e contrai o corpo, distende-se hirto e concentrado, a pata direita erguida quase em ângulo recto... Como uma estátua!
Já eu ensacara a máquina fotográfica e empunhava a espingarda. Aproximei-me, o Jardel sempre estático, cheguei-me mais, - Ssstt! - ele dá um passinho e a codorniz junto a si ergueu o voo. A arma fez o que lhe competia e a peça caiu do outro lado de uma vala. - Vai Jardel, busca, traz cá!
O Jardel foi, buscou e trouxe a codorniz à mão. Oh felicidade maior! Um amigo (um decano dos epagneuls) que vinha ao lado e a tudo assistiu, pachorrentamente comentou - Pronto! Tens o cão feito!
Fora um dos que mo oferecera nos meus quarentas...