No restaurante da Sra. Peliteiro
Foi nesta fulgurante entrada primaveril: partida ao final da manhã para Ponte de Lima em dois esfomeados carros, e os casacos atirados lá para trás, já se transpirava. O objectivo eram os rojões e o arroz de sarrabulho no restaurante do Clube de Golfe local, recentemente concessionado à Sra. Peliteiro.
A Sra. Peliteiro - de sua graça Paula Peliteiro - é actualmente (sem qualquer margem para dúvidas) a melhor mestre de culinária nas nossas lusitanas paragens. Divide-se entre este e o seu outro restaurante na Barca do Lago (Esposende) e o programa televisivo semanal em que a sua criatividade vê e fala com os (fatalmente não é o meu caso) conhecedores e aprendizes de conhecedores destes mistérios da cozinha.
A D. Paula Peliteiro andou já pelo Brasil, de onde trouxe algumas notas que bem se manifestam nos seus paladares. Mas o que nela mais gosto é a circunstância de sermos ambos da mesmíssima freguesia e os seus Pais uns bons amigos, como só aqueles de antigamente.
Por tudo, não havia como não ir felicitá-la a Fornelo (Ponte de Lima) com o grupo todo ávido de saborear os seus petiscos. A Sra. Peliteiro domina perfeitamente os falares dos sarrabulhos bracarense, famalicense, e agora o limiano também. Porque são muitas as diferenças entre todos.
O que nos chegou à mesa, à feição de Ponte, vinha em sua plena grandeza, muito prudente quanto a vinagres - fundamental! - aromatizado por quantas ervas há e carregado de bons sabores e tempêros e pedaços de carne. Os rojões e a farinheira, a batatinha assada, faziam coro com ele e o almoço foi-se alongando prazenteiro e sossegado, acarinhado por um Quinta da Pacheca tinto de 2021 também de se lhe tirar o chapéu enquanto ele se escoava devagarinho nas gorges.
No exterior o recinto do golfe respeitava as voltas naturais do que já foram leiras da antiga lavoura minhota. Os desportistas, viamos-los lá em baixo, por entre a ramagem dos sobreiros, de taco em riste a malhar nas bolas. E a conversa fluía, os pratos pediam reforço... Para sobremesa, escolhi o venerando pudim do Abade de Priscos e todos rematámos o bródio com um LBV que não desdisse do resto. Estava feito! Faltava a voltinha digestiva, mais umas arengas ao ar livre... - e um pouquito mais de convívio com a nossa anfitreã, a D. Paula Peliteiro, minha sempre amabilíssima conterrânea. Mas vinha aí outra equipa televisiva para a entrevistar...