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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

"Soneto da Alpedrinha"

João-Afonso Machado, 02.06.23

IMG_7654.JPG

Cheguei assim por minha vida trazido

No calor alto, quanto sofri exausto

Em dia morto, olhei mas não vi fausto

A saber – se gente, se intrometido.

 

Ao fim dos tempos, (que tempo já ido!)

Silente na pedra, tão quedo e causto,

Ouve granito daqui o teu Austo

Nesse mar de fragmas todo partido.

 

Fica tu no vazio da capela

Com o dormir eminente e cardeal,

Pedrinha a pedrinha no mal

 

Fica na modorra, fica-te nela

E talvez um dia saibas renascer

Comigo, mãos dadas, para viver.

 

"Alegações mentais"

João-Afonso Machado, 10.05.23

MÉCIA EM CASA.JPG

Meritíssimo por favor termine o seu despacho,

vai lá meia-hora de escrita

e em casa, nervosíssimo, bole o meu tacho.

 

Senhor Procurador esqueça a promoção,

não inverta, não faça fita,

nem brinque com esse elástico,

em casa o tacho não é plástico.

 

Ó Colega não seja lambuzão,

ninguém ouve já

tão enfadonha alegação.

 

A hora é má!

Haja respeito pelo meu tacho.

O julgamento é feito,

o Colega saia abaixo desse cume -

 

- qu’em minha casa gane-se,

tenho a cadela ao lume!

 

"Profissão vendedor"

João-Afonso Machado, 05.04.23

R. VASSILEU ERAELIO.JPG

Poeta és só de palavras de mercado

vazio no espaço do letreiro

meio apagado

onde se lê

- Trespasso -

 

nos ares queimado,

poeta da estrofe finda

vais ainda, poeta,

de aqui para ali,

 

vais ainda (desavergonhada colecta)

de verso na mão

sem saberes, poeta, eu te vi

em palavras de rabisco

- poeta já te falta o tom,

 

é morto o dom do verbo arisco

que ri chora e salta.