"Soneto do aeroporto"
Dor de um dia o mundo girando de volta
Das horas em vil espera paradas,
E a multidão disforme de arrancadas
Sempre incógnita de alvar ciclo, solta.
Caras lindas distantes sob escolta,
Gentes de longe vindas deserdadas,
Caras que nos enganam, enganadas,
Terra eterna dita livre – ó revolta!
Desses iguais só na diferença!
E vai inchando volumosa no mundo
Deserto de normas que já não pensa.
Ergue-se então o avião lançado ao ar,
Logo pairante sem chão, sem um fundo,
Certo sem rota, apenas um voar.