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Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

Jam Sem Terra

(MAS COM AS RAÍZES DE SEMPRE)

"Soneto do aeroporto"

João-Afonso Machado, 26.06.25

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Dor de um dia o mundo girando de volta

Das horas em vil espera paradas,

E a multidão disforme de arrancadas

Sempre incógnita de alvar ciclo, solta.

 

Caras lindas distantes sob escolta,

Gentes de longe vindas deserdadas,

Caras que nos enganam, enganadas,

Terra eterna dita livre – ó revolta!

 

Desses iguais só na diferença!

E vai inchando volumosa no mundo

Deserto de normas que já não pensa.

 

Ergue-se então o avião lançado ao ar,

Logo pairante sem chão, sem um fundo,

Certo sem rota, apenas um voar.

 

 

"De volta"

João-Afonso Machado, 19.05.25

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Traz a tua escrita aos salpicos do mar

deixa-a se não

nos orvalhos a nadar

 

em musgos amanhecendo

como é Abril

eles quase esquecendo

as águas poemas vazios

de amor senil

puro curso suores dos rios

 

em que azul branco remaste

ondas escritas e viajaste

 

nos salpicos do mar chão

de águas mil poemas vazios

musgos de Abril lá vão em orvalhos secaste…

 

E ordenam – volta besta ponto final

volta ao covil

etc etc e tal.

 

"Mãe"

João-Afonso Machado, 05.05.25

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E cá vou indo minha Mãe

entre antes e agora

 a doer o coração,

a esmoer, querida Mãe

 

que me falta, não vá embora,

fique,  Mãe fique – fique até morrer,

 

que a Mãe é viva

à noite ao menos quando durmo

 

e tanto comungamos

como nos zangamos Mãe,

ditos ríspidos, soturno

sonho que sonhamos também

de chuva e sol,

 

ao acordar… de ninguém.